MÉXICO, 3 de mar de 2005 às 14:51
Ao reprovar o livro “Cien corridos alma de la cancion mexicana” (Cem corridas alma da canção mexicana), o Arcebispo de Guadalajara, Cardeal Juan Sandoval Iñiguez, assinalou que embora as canções conhecidas como narcocorridos, algo parecido com a ficha policial de criminosos, possam ser amenos para as pessoas, sua letra contém mensagens que “incentivam o vício nas crianças e lhes propõe falsos heróis”.
O Cardeal advertiu que estas canções podem orientar os menores “por caminhos de perdição”.
O texto, promovido pela Secretaria de Educação Pública (SEP), contém canções conhecidas como "narcocorridos", que contam a vida de criminosos violentos e inimigos da sociedade. São compostos com música do norte mexicano e cantados ao estilo dos corridos da Revolução Mexicana, narram como os personagens semeiam e traficam com a cocaína e a maconha, além de seus amores, traições e tragédias.
Por outro lado, o Secretário de Educação de Jalisco, Guillermo Martínez, informou que o livro será analisado por um grupo de pais de família, professores, intelectuais e autoridades. Indicou que se for concluído que o texto “é incorreto”, sua distribuição será vetada.
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Apesar isso, o Reitor da Universidade de Guadalajara, Trindade Padilla López, disse que a polêmica suscitada é algo “artificial”. Para Padilla, os livros devem ser entregues aos alunos do quinto e sexto ano de primário, porque, segundo ele, “isto não deve ser visto como um atentado à moral”.
Embora estas canções toquem nas rádios, algumas emissoras decidiram não transmiti-las pela má fama que as rodeia, amparando-se nos artigos 5 e 63 da Lei Federal de Radio e Televisão.
O artigo 5 estabelece que a rádio e a televisão devem afirmar “o respeito aos princípios da moral social, a dignidade humana e os vínculos familiares”, além disso devem ser evitadas “influências nocivas ou perturbadoras ao desenvolvimento harmônico da infância e a juventude”, assim como “elevar o nível cultural do povo”, entre outros.
O artigo 63 proíbe “todas as transmissões que possam causar a corrupção da linguagem”, aquelas “contrárias aos bons costumes” e o uso de “expressões maliciosas, palavras ou imagens procazes”, assim como a “apologia à violência ou ao crime”.